5/22/2007

nem vela.

Se eu fosse tão intensa quanto o Caio Fernando Abreu, escreveria agora todas as minhas sensações atuais. Como não sou, e sei, quero dormir e me contentar com o dia que virá amanhã, inevitavelmente.

- Esse "se" me machuca mais do que um "não". E olha que você não sabe o quanto um "não" mal-dado me machuca, não sabe. Se - e esse "se" de novo, chatíssimo - soubesse, não teria me perguntado agora "se eu não for, o que vai acontecer?". Pare de me perguntar, por favor, suas perguntas me dão náuseas. E pare de abrir essa janela, o que pensa que está fazendo? Eu não quero ver a luz, me dói os olhos, você está cansado de saber. Chega de tentar me reanimar, me puxar para dançar. Deixe de ser ridículo: dançar no meio da sala ao som de Beatles. Eu não quero levantar, não quero nem me mover. Sim, eu quero morrer sentada aqui, dane-se. Quem se preocupa? Eu respondo: NINGUÉM. Eu sou mais alguma coisa entre tantas por ai. Pare de me fazer pensar, nem isso eu quero. Pensar me deprime, aliás, esse verbo é culpado por toda minha depressão. Lembre-me de ser um cachorro na próxima encarnação. Não, não me lembre nada. Não quero mais lhe ouvir. Não quero, é difícil entender? Será que você é tão burro e lesado, tão mais do que eu imaginava? Pare de mexer nos meus livros, está cansado de saber que não gosto que os tirem do lugar. Pare de limpar meu quarto. Deixe minha cama por fazer. Deixe-me em paz. Se eu me matar hoje, a culpa será sua. Irritante, eu te odeio. Pare de dizer que me ama. É ilusão sua. Não se pode me amar, nem eu me amo. Não troque o disco. Melhor, desligue isso, cansei. Cansei de tudo há tanto tempo, não percebe? Então, vai, fecha a porta e me liga mês que vem. Talvez, eu já tenha morrido, para o seu alívio e o de todos. Pessimista? Não sou. Realista: isso. Pare de me chamar de linda, não está me vendo de verdade? Se diz que é tão capaz, me olha por dentro. Diz o que eu tenho. Diz?! Ai, cansei desse diálogo interminável. Você não entende que eu quero a solidão, eu escolhi. Está bem. Eu desisto, fique ai. Eu não tenho mais tv a cabo, o computador está sistemático. Na geladeira tem pizza sadia de calabresa, coca-cola sem gás e um brigadeiro no fim. Não mexa no brigadeiro. E o resto? Fique a vontade. A casa sempre é sua mesmo. Sempre. E quando você aprender a respeitar meus sentidos, me acorda. Tentarei dormir plenamente agora. Boa noite, babe!

E eu disse que eu iria me conformar, eu disse.

3 comentários:

Raphael disse...

falei q ia sair ainda melhor?!

Anônimo disse...

Na minha opinião, você escreve melhor em prosa e esse é o melhor texto do seu blog.
Invista mais nesse tipo de representação para que os seus textos se tornem cada vez mais universais.
Beijos!

Pris Queiroz disse...

O Caio... gosta?