5/18/2007

de-modela-do

Tenho para mim uma verdade sensível e impossibilitada de continuar. E olha o que ela me faz: escrevo. Intenso desejo de permanecer, inerte movimento de escapar. Grande pretensão a minha querer absorver essências, lugares e pessoas. Como se não bastasse: quero todas juntas, instintivamente. Maior ainda é minha ilusão quanto aos objetos. Coitados: parados, sem vida aparente. E ainda têm que me ver aqui: deitada no semi-sofá, reclamando na escrita as minhas pseudocrises de pseudoproblemas. Pior do que eles parados sou eu. Nem eu acredito nos meus problemas, nem mesmo num futuro, a cada minuto mais distante e disperso. A vida não me quer aqui: já sinto. Mas eu brigo tanto para ficar. Então, no quase fim, confesso que estou em processo de desistência: física e mental. Mas nem nessa desistência eu confio. Sou mais dispersa do que minhas idéias. Frustrações me surpreendem: não reconheço minha capacidade de fracassar até a frustração acontecer. Mas ai ainda não é o fracasso, acho que ainda nem o conheço. E, por estar e permanecer, fico viva assim: beirando o absurdo e o surreal. Sem prés, nem des; sem prós, nem dós.

2 comentários:

Raphael disse...

o inerte movimento de escapar... Paradoxo perfeito.

Larissa Lisboa disse...

Que texto paradoxal, minha cara!
Esses contraste me fez lembra Caeiro em:
"Não sou nada, nunca serei nada, não posso querer ser nada. A parte disso, tenho em mim, todos os sonhos do mundo"

Que mundo contraditório esse nosso, não é mesmo?

Beijos e cuide-se!
Lari